Almanaque e o FME. Moacir Gadotti

Cara Leslie e caro Albert,

 Felicito a ambos pela iniciativa séria e militante da criação e continuidade do Almanaque que chega ao seu número 100. Estou muito feliz por mais essa conquista de um movimento jovem como é o Fórum Mundial de Educação que sempre se constituiu num espaço de construção de novas alianças, novas redes, formação de campanhas, um espaço de estruturação de alternativas à educação neoliberal.

O FME nasceu, em 2001, junto ao FSM, como espaço de inclusão, que congrega pessoas e organizações em torno de uma plataforma mundial de lutas em defesa do direito à educação emancipadora, contra a mercantilização da educação. A construção de uma alternativa ao projeto político-pedagógico neoliberal é um sonho ousado, mas possível, necessário e urgente, como era há 17 anos atrás.

Foi esse espaço plural e auto-gestionado que vocês conseguiram impulsionar a partir da criação do Almanaque que todos aplaudiram desde o início. Vocês conseguiram manter o pilar da diversidade dos Fóruns que se fundamenta no princípio ético-político de respeito ao tempo de cada um, de cada uma, de cada cultura, de cada contexto.

Como vocês sabem, os encontros do FME sempre me deixaram a sensação de que há muita generosidade, há uma reserva imensa de altruísmo que nos deixa, a todos e todas, reencantados, esperançosos e esperançosas na construção de uma outra educação. Há muita gente disposta e disponível para trabalhar por um outro mundo possível. O exemplo de centenas e até de milhares de voluntários e voluntárias que já participaram na preparação e realização de nossos encontros é uma prova disso.

Sonhar, lutar e celebrar são ações fundamentais. Chegamos ao número 100 deste Almanaque. É hora de celebrar nossa história, nossa resistência, nossa alegria e ter forças para avançar e continuar reinventando a luta no momento atual. Nessa trajetória, destaco a relevância política, social e teórica que o Almanaque prestou e continua prestando, representando um esforço coletivo de muitas pessoas, articuladas por vocês, divulgando, inclusive, as Cartas e Manifestos produzidos nos encontros do FME. São documentos que traduzem os anseios de milhares de pessoas no campo da educação que participam deste movimento transformador.

Chamo, ainda, a atenção de todos(as) nós para a importância do Almanaque no esforço de vincular agendas e lutas comuns de outros movimentos e organizações semelhantes, por exemplo, a luta pelos direitos humanos, a luta contra a fome – expressão máxima da falta de direitos – pela saúde, pelo direito ao trabalho, água, terra, habitação, igualdade de gênero… que são direitos básicos de uma educação emancipadora.

O núcleo central da concepção neoliberal da educação é a negação do sonho e da utopia. Mas aprendemos com Paulo Freire, o guardião da utopia, que «o mundo não é; o mundo está sendo» e por isso não seremos alcançados pela malvadez neoliberal que quer nos impedir de sonhar. É contra isso que nos insurgimos com propostas e lutas por outros mundos possíveis e que o Almanaque continua fazendo.

O Almanaque nos enche de orgulho e de agradecimento aos companheiros e companheiras que o mantém vivo e atuante.

Nesse momento de celebração gostaria de somar minha voz e a do Instituto Paulo Freire e de tantos outros que tornaram possível esse sonho e continuarão lutando por ele.

            Parabéns, Leslie e Albert. Estamos com vocês nesta luta. Contem conosco.

            Um enorme e saudoso abraço.

Moacir Gadotti

Presidente de Honra do Instituto Paulo Freire

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