Políticas de ações afirmativas voltadas ao desenvolvimento social, com interesses justos e humanos são possíveis. Esse foi o contexto geral do debate 3 com foco nas «Ações Afirmativas para Educação Profissional e Tecnológica», realizado na tarde de terça-feira (29), durante o II FMEPT.
Mediado pelo professor da Universidade de Federal de Santa Catarina (UFSC) Marcelo Tragtenberg, o debate contou com a presença do professor e diretor do Programa de Pesquisa em Estudos Filantrópicos Transculturais e Interculturais do Departamento de Estudos Afro-americanos (EUA), John Stanfield, Leslie Toledo da União de Mulheres Alternativa e Resposta, e do professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Renato Dognino.
Da abertura ao debate entre os participantes o discurso foi claro: construir políticas de ações afirmativas com novos paradigmas que culminem num relacionamento novo com o meio ambiente, raça, gênero. «É preciso resgatar conhecimento ancestral, incorporar o saber que os excluídos estão desenvolvendo para a construção de uma plataforma cognitiva que queremos: ciência – tecnologia – sociedade», disse Leslie.
Para Renato, a educação profissional e tecnológica no país está contaminada, sendo necessário pensar a tecnologia para a inclusão social. «Para que serve a tecnologia convencional? Noventa por cento das pesquisas criam tecnologias para os 10% mais ricos. Uma adequação sociotécnica transforma a tecnologia convencional em tecnologia sócial.»
Desta forma, a educação tecnológica gerará emprego, tecnologia social, elevando a qualidade de vida e aceitação social dos trabalhadores e populações menos favorecidas.
Em sua fala, John Stainfield reforçou a política existente hoje: «Eles não se importam conosco», disse. «As políticas de educação profissional e tecnológica precisam atender aos direitos humanos, fazer uma abordagem social e ética. Precisamos fazer muito para dar acesso à educação a todos, em vez de excluir e desvalorizar.»
Mulheres, negros, negras, pretos, pretas, índios, indias,…pobres foram lembrados e citados. Essa foi a base do discurso de Leslie. «As ações afirmativas desenvolvem o princípio da igualdade, mas precisamos reconhecer saberes, repensar os currículos e formatos. A história precisa ser reescrita», finalizou ela.
Após a apresentação dos debatedores, o debate foi aberto para a participação, questionamentos e apontamentos dos participantes.