Que tipo de profissionais queremos para atuar na educação profissional e tecnológica (EPT)? Certamente, aqueles que forem capacitados para uma formação autônoma e continuada. Essa reflexão foi a tônica do debate entre profissionais da Espanha, Uruguai e Brasil na tarde de quarta-feira, 30, na sala Sambaqui 1.
A questão é que para se formar esse profissional ideal é necessário compreender complexas relações existentes hoje entre educação e mundo do trabalho. “Pelo sistema neoliberalista, educar para o trabalho é educar para o emprego, que é um trabalho remunerado”, avalia a trabalhadora social uruguaia Cecilia Fernández.
Fernández – que trabalha com movimentos de educação popular – acredita que não há direito ao trabalho decente sem o direito à educação decente. E um trabalho produtivo deve ser seguro, com respeito aos direitos trabalhistas, renda adequada, proteção social, liberdade sindical, negociação coletiva e participação.
Segundo ela, esse trabalho decente é um direito do cidadão, mas os trabalhadores da EPT precisam de uma formação que os faça ter essa consciência para cobrar por ele. “O profissional da EPT deve ser aquele que tenha uma formação para a autonomia e que reconheça o sujeito como cidadão”, complementa o professor espanhol Albert Sansano Estradera, coordenador do Fórum Mundial da Educação.
“Temos que estimular o desejo de aprender para possibilitarmos a transformação”, compartilha Fernández. Fazendo coro a esse pensamento, professor Edemundo Aguiar, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), enfatiza a necessidade de se ter nas escolas ambientes que proporcionem a inclusão do treinamento, além de políticas permanentes de capacitação que estejam numa relação participativa e dialética com a sociedade.