Debate «Trabalho e educação numa perspectiva emancipatória» lota plenária

«Se aqui hoje discutimos esse tema é porque não vivemos uma perspectiva emancipatória.» A afirmação do professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Gaudêncio Frigotto, bastante incisiva, ilustra a tônica de sua participação no debate mais disputado pelos participantes na tarde desta quarta-feira (30) no II Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica. A discussão sobre «Trabalho e educação numa perspectiva emancipatória» também reuniu na mesa o professor da Universidade de São Paulo (USP) e diretor-geral do Instituto Paulo Freire, Moacir Gadotti, e o chileno Guillermo Scherping.

No debate, mediado pelo brasileiro Larry Manoel Medeiros de Almeida, Frigotto caracterizou a atual situação como de «regressão social». O que domina, segundo ele, «é a alienação política, econômica, social e educacional». Em sua fala, não economizou críticas à forma como o sistema educacional brasileiro e algumas políticas públicas na área, como o Pronatec, tratam essa relação entre educação e emancipação.
Ao defender a educação emancipadora como direito, Moacir Gadotti explicitou sua definição preferida para o conceito emancipação, que é a origem latina do termo: «tirar as mãos de cima». Nessa pressuposição de autonomia, contrapõem-se ao conceito freiriano de «educação bancária», em que há apenas um depósito de conhecimento, de teorias e saberes nos alunos.

Falando especificamente sobre a educação profissional e tecnológica, Gadotti diz ser fundamental que ela seja pensada nessa perspectiva emancipatória e não mercantilista, voltada para o mercado. «Queremos educar para o trabalho, sem dúvida nenhuma, mas também temos que educar para sermos governantes de nossas vidas», afirmou. E fez, ainda, a ressalva de que trabalho não é sinônimo de emprego: «Trabalho é tudo o que fazemos para melhorar nossas vidas e, nesse sentido, ele é emancipatório».

Mas, segundo Guillermo Scherping, o que se vê atualmente no contexto latino-americano é a privatização da EPT, o que aponta em sentido contrário. «A mercantilização da educação nega aos professores o seu papel de educadores e formadores e isso se acentua na educação profissional e tecnológica», afirmou. Outra faceta dessa situação na EPT, na opinião do chileno, é a indesejável dissociação de conhecimento teórico e prático. «O ensino técnico fica apartado da formação teórica e política», lembrou.
Como representante sindicalista – é dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Chile – , Guillermo centrou boa parte de sua fala na questão docente e conclamou-os a buscar o enfrentamento de forma coletiva: «Fazemos parte de um corpo docente». E defendeu que, para que haja uma prática pedagógica realmente emancipatória, os professores têm que ter dentro de sua carga-horária profissional tempo para várias outras funções além da sala de aula, como atender alunos e seus pais, dialogar com seus colegas e refletir sobre a própria prática.

(Juliana Paiva)

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