A educação é um importante instrumento de luta para construção de sociedades mais justas e mais capazes de coexistir com a vida no planeta. Esse é um dos pontos defendidos pela Carta do II Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica, lida pela secretária-executiva do evento, Waléria Külkamp Haeming, na cerimônia de encerramento, nesta sexta, dia 1º.
CARTA DO II FÓRUM MUNDIAL DE EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
A CARTA DE FLORIANÓPOLIS –SC- BRASIL
A participação de 26.700 educadores, educadoras, estudantes, representantes da sociedade civil e de governos de 30 países constituiu o II Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica que aconteceu de 28 de maio a 1º de junho de 2012 em Florianópolis, Santa Catarina – Brasil.
Este Fórum reafirma os princípios e diretrizes para uma educação emancipadora e inclusiva para todo o planeta, promotora da cidadania plena e intermulticultural, que vêm sendo construídos desde o Fórum Mundial de Educação de 2001 de Porto Alegre, por um outro mundo possível.
Em um horizonte de esperança, uma grande rede de interações realizou intercâmbio de conhecimentos e articulação de projetos na diversidade de culturas, em um ambiente democrático. O que nos aproxima e une nossas diferentes lutas é o cuidado com o ser humano e com a Terra. Nessa perspectiva, a Educação é um importante instrumento de luta para construção de sociedades mais justas e mais capazes de coexistir com a vida no planeta.
O II Fórum Mundial da Educação Profissional e Tecnológica, com o tema Democratização, Emancipação e Sustentabilidade, integra-se ao Fórum Mundial da Educação e ao Fórum Social Mundial, validando a sua Carta de Princípios, a Plataforma Mundial da Educação, a Carta do I FMEPT e proclama em sua agenda:
1. Garantir a Educação Profissional e Tecnológica voltada para jovens e adultos, trabalhadores e trabalhadoras, como política pública que possibilite a inclusão crítica de todas as pessoas nos processos de construção democrática da sociedade.
2. Conclamar a sociedade para atuar na organização, mobilização e convencimento do processo de construção das políticas públicas necessárias à Educação Profissional e Tecnológica.
3. Reafirmar o direito universal e inalienável de homens e mulheres à educação emancipadora, inclusiva e solidária, combatendo sua mercantilização.
4. Reconhecer e valorizar a diversidade dos saberes populares, dos saberes construídos no trabalho pelos povos originários, comunidades quilombolas, povos da floresta e outros, incorporando-os na construção dos currículos escolares.
5. Entender que em um mundo permeado pela tecnociência, o que nos toca mais fundo é ainda a emoção tecida e reconfigurada em sua rede de interações.
6. Considerar o ser humano na sua totalidade, preparando-o para o exercício da cidadania, com base na ciência, tecnologia, cultura e trabalho, mediante processos de educação integral, ambiental, inclusiva, tecnológica, transversal e estruturante, potencialmente transformadores.
7. Exigir e promover a valorização dos trabalhadores e trabalhadoras da educação, o respeito aos seus direitos e a garantia de condições dignas de trabalho.
8. Mobilizar a juventude a se articular com os diferentes agentes sociais na construção de uma sociedade solidária e sem preconceitos, na busca de um outro mundo possível.
9. Reconhecer que é legítimo o direito à vida e à felicidade e defender a inovação, a ciência e a tecnologia social como instrumentos nessa conquista.
10. Garantir que na educação, como instrumento construtor da pedagogia da paz, estabeleça-se uma concepção crítica da relação entre as pessoas e o meio ambiente, como condição de sobrevivência planetária.
11. Construir a educação ao longo da vida em sintonia com os vários espaços, nos tempos da escola e nos tempos livres, considerando todos os ambientes, reais e virtuais, em que as pessoas vivem.
Este Fórum se constituiu como marco na história da EPT. Aprovou uma moção de apoio à Comissão Nacional da Verdade, que terá a dura tarefa de analisar e apurar todos os crimes, abusos e atrocidades cometidos contra os direitos humanos e a democracia.
Homenageou a Dra. Zilda Arns Neumann que, com seu trabalho, contribuiu de forma relevante para DEMOCRATIZAR os direitos humanos, especialmente o de ter uma formação integral, no sentido de potencializar diferentes conhecimentos e práticas numa “Rede de Solidariedade”; promover a EMANCIPAÇÃO, defendendo a educação para e por toda a vida, de modo que as pessoas se constituam sujeitos de sua própria história, “trabalhando no agora, mas pensando no amanhã” e apoiar as pessoas para que, transformando-se, transformem o mundo de forma SUSTENTÁVEL.
Leva, para a Rio+20 e a Cúpula dos Povos, a mensagem de que a afirmação e a realização do direito à educação é a condição irrefutável para poder construir um mundo em que seja possível viver e conviver com dignidade e justiça social.
II Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica (II FMEPT)
Florianópolis, 1º de junho de 2012