FME/FSM POA 15 anos: CONVERGÊNCIA DE EDUCAÇÃO: A EDUCAÇÃO POPULAR E OS DIREITOS HUMANOS

22/01/2016

Local: Auditório Araújo Viana (Parque da Redenção)

Convidados: Nilma Lino Gomes (Ministra das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. – Brasil) Baltazar Garzón (Experto Internacional en DDHH – Espanha) Boaventura de Sousa Santos (CES/UPMS – Portugal) Driss El Yazami (CNDH – Marrocos) Beatriu Cardona (STEPV-i – País Valencià – Espanha) Moacir Gadotti (Instituto Paulo Freire – Brasil) Moyses Martins (Brasil Acessível – Brasil) Mauri Cruz (ABONG – Brasil) Mediação: Salete Valesan Camba, FLACSO (Brasil); Albert Sansano, Confederación STEs (Espanha); Organização: Fórum Social da Educação Popular (FSEPop), Fórum Mundial de Educação (FME), Fórum Mundial de Direitos Humanos (FMDH), Fórum Educação Popular (FREPOP)

Mediação: Salete Valesan Camba (FLACSO,Brasil); Albert Sansano (Confederación STEs, Espanha); Mauri Cruz (ABONG – RS)

Organização: Fórum Social da Educação Popular (FSEPop), Fórum Mundial de Educação (FME), Fórum Mundial de Direitos Humanos (FMDH), Fórum Educação Popular (FREPOP)

 

Intervenção de Moacir Gadotti  (aqui em pdf)

EDUCAÇÃO POPULAR E DIREITOS HUMANOS  por Moacir Gadotti

Para que façamos realmente uma “mesa de convergência” precisamos retomar os principais pontos discutidos, no meu caso, nas atividades do FME. Relembro, brevemente, alguns pontos da sistematização das produções dos círculos de cultura, embora seja difícil fazer uma síntese das contribuições das diversas atividades do FME. Vimos nesses dias que o FME tem uma história de lutas que é preciso resgatar e conhecer melhor. Ela se encontra, sobretudo, nas Cartas e Declarações de cada Fórum realizado e sua incidência política. Nesses 15 anos os fóruns se capilarizaram e continuam muito vivos e estão passando por novos desafios impostos por novas conjunturas. É um processo absolutamente natural, como todo..

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“A escola é um território de lutas”

Por Marina Baldoni Amaral

“Viva o autodidatismo, é daí que eu entendo a educação popular”, disse Moyses Martins, rapper e cadeirante, membro do Brasil Acessível e do coletivo Família Rap Nacional, que participou da mesa de convergência A educação popular e os Direitos Humanos. “Quem primeiro resgatou o Moyses foi a educação popular, o rap nacional, que eu entendo como uma reivindicação criada a partir da nossa realidade”, avalia. Moysés intercalou sua fala com versos de suas músicas e demonstrou a quem estava no Auditório Araújo Viana a importância de se incluir diferentes saberes nos debates sobre o tema.

É preciso transformar “a vida, ela própria, na escola”, disse o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, da Universidade de Coimbra e da Universidade Popular dos Movimentos Sociais (UPMS). Em sua fala ele destacou a importância de “educar os educadores”, um processo que deve ser feito tirando-os da sala de aula e da “zona de conforto” proporcionada pelo entendimento de que conhecimentos e saberes formais são mais valiosos do que populares.

“Educar é criar consciência de que o mundo é nosso” disse. E completou: “Se eu representar o mundo como meu eu posso transforma-lo”. Ele elencou três processos de dominação que atravessam toda a sociedade: capitalismo colonialismo e patriarcado. “Atuam sempre articulados. Mulheres, negros e indígenas sabem muito bem”, disse.

Moacir Gadotti, presidente do Instituto Paulo Freire, falou sobre a necessidade de articulação entre lutas de diferentes temáticas: “Nos interessa a educação popular ao lado da noção de democracia de direitos e justiça social”. Ele analisa que, para construção de um sistema nacional de educação popular ainda falta um grande caminho, e entende que a mercantilização da educação “entrou no ethos do sistema educacional brasileiro”.

Mauri Cruz, presidente da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong) e do comitê organizador do FSMT afirmou que a mudança para um outro mundo “só será completa a partir da educação popular”, que permita o empoderamento dos povos. Ele avalia que “a energia de educação continua forte e latente no Brasil e na América Latina”, mas que os processo reais de aprendizado são lentos. “Leva tempo para construir a real consciência crítica”, disse, explicando que ela tem uma relação dialética entre a prática concreta e construção teórica.

Camila Lane, presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) falou sobre a experiência recente vivida por estudantes secundaristas em São Paulo, que ocuparam escolas estaduais ameaçadas de fechamento pelo governo do Estado. “Precisamos pensar nas ocupações como pequenas experiências da educação popular que queremos”.

Ela coloca como desafio do movimento estudantil consolidar uma escola popular, não só na formação do pensamento critico, mas da inclusão social. A organização entende que reformulação do médio e básico são uma estratégia para alcançar uma mudança de pensamento na geração. “A escola é um território de lutas, se a escola não mudar, o Brasil não vai mudar”, disse, ressaltando a importância da educação para enfrentar o racismo, o machismo e a homofobia.

“Um dos maiores desafios dos governos progressistas, em tempos de realinhamento das forças, é se posicionar firmes mantendo o princípio de que os direitos das pessoas estão acima dos direito dos mercados” disse a ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes. Ela falou sobre o desafio de conquistar políticas de direitos humanos em um cenário “permeados por interesses diversos”, e concluiu que é estratégico manter a “sintonia com os movimentos sociais”. “É o que vai nos dar legitimidade”, afirmou. Para ela, a principal relação entre direitos humanos e educação popular é que ambos buscam “recuperar a humanidade roubada de sujeitos”.

“A construção teórica dos Direitos Humanos já temos, há grande teorias e tratados, mas nos falta um desenvolvimento prático, real e participativo através de uma dinâmica claramente em defesa dos movimento sociais”, defendeu Baltazar Garzón, jurista espanhol especialista no tema. Ele falou sobre a necessidade de novos protagonistas, “mais apegados às realidade” e mais “reflexivos e conhecedores da dinâmicas sociais”.

Beatriu Cardona, do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação de Valencia, Espanha, classifica a educação como um direito humano “fundamental para exercer e consolidar os direitos humanos”. “O neoliberalismo, o FMI e grandes corporações e bancos não querem uma educação popular porque ela representa um perigo para seus interesses”, avalia, já que ela é “feita por e para o povo” e tem igualdade, cooperação, solidariedade e inclusão como principais valores.

Para Boaventura, “Se queremos fazer acontecer e transformar o mundo, temos q ser utópicos, ter asas com raízes”. Ele destacou a importância de “justar os saberes para vencer as lutas dos tempos atuais”, aliando universidade e educação popular, avaliando que as universidades públicas estão subfinanciadas e já não têm o apoio das elites, “que educam seus filhos nas universidades globais” e nem das classes populares. “Temos que construir uma outra universidade, que seja popular”, concluiu.

Salete Valesan Camba, diretora da Flacso Brasil e facilitadora da mesa, afirmou que ela foi organizada de forma que fosse representativa dos diversos fóruns que compõe o Fórum Social Mundial. Albert Sansano, (STEs, Espanha), também facilitador da mesa, também destacou o formato adotado: “é uma base bastante completa”.

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