Educação na pauta global

Rachel Duarte

Ainda faltam algumas confirmações, mas a programação oficial com todas as atividades previstas para o Fórum Social Temático foi divulgada nesta quarta-feira (18). Com 80% das atrações em Porto Alegre, a expectativa dos organizadores é recuperar o ambiente de articulação dos ativistas sociais de diferentes continentes que originou o Fórum Social Mundial no Rio Grande do Sul. A estratégia é pactuar acordo entre os movimentos sociais e os governos do Brasil e Uruguai para Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio +20, que ocorre em junho no Rio de Janeiro.

A pauta do desenvolvimento sustentável estará presente nas atividades, principalmente no dia 26, quando a presidenta Dilma Rousseff e o presidente uruguaio José Mujica estarão promovendo o debate “Diálogos entre sociedade civil e governos”, às 19h, no Ginásio Gigantinho. Os presidentes do Paraguai, Fernando Lugo e a da Argentina, Cristina Kirchner também foram convidados, mas não devem vir ao Brasil. “A Cristina retorna da licença saúde no dia 24. Se viajar, será para um compromisso no Chile. Já o Lugo, foi convidado, mas, oficialmente o governo não respondeu se ele vem. Como estamos em cima da hora, nossa estimativa é de que ele não venha”, disse o coordenador do FST 2012, Mauri Cruz.

A posição da América Latina no contexto da economia verde deverá ser acordada entre Dilma e Mujica, com a consonância dos movimentos sociais. “Os ambientalistas estavam afastados dos processos de discussão do Fórum Social Mundial e articulamos a presença de representantes de diversos lugares. Iremos convergir para o mesmo ambiente de fórum os representantes da Rio +20, então, devemos tirar acordos para que a América Latina contraponha os interesses dos EUA, da China e da Europa”, explica Mauri Cruz.

Segundo o coordenador do FST 2012, o presidente dos EUA, Barack Obama estaria hesitando em vir ao Brasil para participar da Rio +20, o que aumenta a responsabilidade dos países da América Latina no comprometimento com a causa. “Sabemos que o governo brasileiro tem a mesma preocupação com o impacto do capitalismo sobre o meio ambiente, mas, tem países que não querem vir discutir porque só querem discutir a questão da Amazônia quando se fala de Brasil”, revela.

Educação na pauta global

Outro tema universal que estará presente aos debates do FST 2012 é a educação. Será realizado durante os dias do fórum, de 24 a 29 de janeiro, na Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), o Fórum Mundial de Educação. O ponto alto será no dia 27, com uma sessão conjunta entre Emir Sader, Pablo Gentilli, Boaventura de Souza, a líder estudantil Camila Vallejo e a ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos).

«A causa da educação não pode ser apenas de um sindicato, tem que ser da nação», diz Albert Sansano | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Segundo o coordenador do Grupo de Trabalho em Educação no FST 2012, Albert Sansano, a educação é primordial nas discussões sobre transformações sociais e formação humana. Ele disse que é fundamental debater o assunto em ambientes de convergência entre diferentes atores sociais, para refletir sobre as diretrizes que se busca para a educação das novas gerações. “Temos que formar nossos valores de mundo e com a experiência chilena, que Camila Vallejo vai expor, podemos ampliar o espectro sobre o tema da educação global. A causa da educação não pode ser apenas de um sindicato, tem que ser da nação. No Chile famílias iam para as ruas para reinvindicar”, falou. Ele critica o “relaxamento dos movimentos sociais brasileiros” na pauta da educação e disse que as lutas do Chile, Portugal e Espanha são boas referências para o Brasil.

Juventude organiza calendário até a Rio +20

Conectada aos debates da cúpula de povos da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio +20, os movimentos de juventude dos diversos continentes inscritos para o Fórum Social Temático 2012 estarão realizando oficinas e atividades autogestionárias no Acampamento Intercontinental da Juventude nos dias do evento. O acampamento será no Parque Harmonia, tradicional espaço que acolhe os jovens no Fórum Social Mundial.

A coordenadora do Acampamento, Nina Motta,diz que são esperados 3 mil jovens, número menor que o da última edição do FSM em Porto Alegre. “Começou com 2,5 mil jovens na primeira edição do FSM e no último foram 30 mil, o que extrapolou a capacidade do acampamento. Mas, neste momento em que jovens já estão mobilizados em vários cantos do mundo, com o gritos do indignados, esperar 3 mil pessoas em Porto Alegre é bem adequado”, explica. Nina complementa que ao final dos cinco dias de FST será formulado um cronograma de ações da juventude até junho, quando ocorre a Rio+20.

Alguns dos líderes das ocupações mundiais estarão na capital gaúcha compartilhando as experiências. Todos os dias às 12 horas, na UFRGS e às 18 horas na Casa de Cultura Mário Quintana.