Moacir Gadotti– Carta Educação
Estou convencido de que se quisermos realmente avançar no enfrentamento de nossos graves desafios educacionais deveríamos pensar seriamente numa verdadeira reconversão cultural da escola. Nessa tarefa, Paulo Freire, agora proclamado “patrono da educação brasileira”, pode nos ajudar.
Minha trajetória como docente começa em 1962. Em 1967 cruzei com o primeiro livro de Paulo Freire, Educação como prática da liberdade, que utilizei como trabalho de conclusão do curso de Pedagogia e marcou minha vida. Mais tarde, no final da década de 1980, pude participar diretamente com ele no projeto de mudança da “cara da escola”, como ele dizia, quando assumi a chefia de seu gabinete na Secretaria Municipal da Educação de São Paulo (1989-1990).
Chamamos inicialmente essa escola de “Escola Pública Popular”, uma escola que formava para a inclusão e a cidadania, refletindo um movimento educacional concreto que se caracterizava pela democratização da educação em termos de acesso e permanência, pela participação na gestão e escolha democrática dos dirigentes educacionais, por uma concepção interdisciplinar do currículo e da avaliação e pela democratização do próprio Estado. Foi no interior desse movimento, iniciado no final da década de 1980, que surgiu no Brasil o conceito de “Escola Cidadã”, uma escola que forma para e pela cidadania.